É crucial partir de uma perspetiva global do ensino, para
que nós, professores, possamos atuar de forma coordenada e lógica ao longo de
todo um curso, um ano letivo e/ou uma unidade didática.
Para que tal
aconteça, pressupõe-se que tenhamos em linha de conta os problemas da
sociedade, da escola e dos nossos alunos, assim como as ideias principais e as
finalidades que pretendemos atingir.
Principais coordenadas da visão
global do ensino
Não basta que nós, professores, tenhamos somente o conhecimento
dos conteúdos programáticos que vamos lecionar e dos objetivos gerais da nossa
disciplina. Uma visão global pressupõe a reflexão sobre outros aspetos
indispensáveis à estruturação do processo ensino/aprendizagem, sendo que
devemos ter em conta que existem três coordenadas básicas, em torno das quais
se pode centrar a planificação do ensino:
- Esquema conceptual: fio condutor que ao longo de todo o processo ensino/aprendizagem, tem uma função unificadora impedindo a dispersão da aprendizagem por aspetos secundários ou sem interesse. Um mesmo esquema conceptual pode interligar entre si várias unidades didáticas.
- Capacidades a desenvolver: não podem surgir de forma aleatória, têm que constituir um todo orgânico, de acordo com o definido nos documentos curriculares orientadores da disciplina.
- Os grandes problemas sociais em torno dos quais se irá desenvolver a aprendizagem: ao planificar as capacidades a desenvolver nos alunos, não podemos deixar de ter em conta os avanços da ciência que transmitimos e os aspetos sociais inerentes à preparação do aluno como futuro cidadão. Por exemplo, se estamos preocupados com o facto do nosso ensino corresponder a determinadas exigências científicas, teremos de escolher métodos de aprendizagem que permitam desenvolver nos alunos as necessárias capacidades intelectuais. Ao planear o ensino, é crucial ter também em conta os problemas sociais do nosso tempo de forma a sensibilizar os alunos para a sua solução.
Na nossa escolha, devemos ter em consideração as
condições da escola, as características dos alunos e do ciclo de estudos em
causa.
Penso que não deveremos centrar o processo
ensino/aprendizagem apenas numa destas coordenadas, mas antes numa visão
tridimensional do ensino que tenha em conta todos estes aspectos, embora pelas
características, dos alunos, da escola ou dos conteúdos programáticos um deles
possa, em determinados anos ser preponderante.
Bibliografia:
Cândida Proença, Didáctica
da História, Lisboa, Universidade Aberta, 1989, p. 174-191.
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